Análise: Valores esquecidos – a responsabilidade das instituições e o papel do governo

O fim do prazo para o resgate do dinheiro esquecido em bancos, que soma mais de R$ 8,6 bilhões, se encerra nesta quarta-feira (16), e levanta uma série de questões éticas e práticas sobre a responsabilidade tanto dos cidadãos quanto das instituições financeiras e do governo. É surpreendente que, em um único CPF, o montante não reclamado possa chegar a impressionantes R$ 11 milhões, conforme aponta o Banco Central. Isso não apenas revela a desorganização de alguns brasileiros em gerenciar suas finanças, mas também uma falha sistêmica em comunicar esses valores aos seus legítimos donos.
É compreensível que o governo e os bancos não tenham condições de rastrear cada centavo esquecido. No entanto, é inegável que, quando se trata de cobrança de tributos ou dívidas de contribuintes, a comunicação é rápida e eficaz. Isso levanta a questão: por que não aplicar o mesmo esforço em informar os cidadãos sobre valores que lhes pertencem?
A responsabilidade não deve recair apenas sobre os cidadãos. As instituições financeiras têm um papel crucial nessa dinâmica. Elas deveriam implementar sistemas mais robustos de aviso e recuperação de valores esquecidos, especialmente considerando que muitas pessoas podem não ter acesso fácil a essas informações. Um programa ativo de busca e resgate de valores esquecidos poderia beneficiar não só os indivíduos, mas também a economia como um todo, ao reinserir esse dinheiro em circulação.
Portanto, o Governo Federal deveria sim investir em iniciativas que busquem localizar os donos de valores esquecidos, principalmente aqueles com montantes significativos. Isso seria um ato de justiça fiscal e social, proporcionando a quem é o verdadeiro proprietário a chance de recuperar seu patrimônio. É um convite à reflexão sobre como podemos criar um sistema financeiro mais inclusivo e eficiente, que não apenas esteja empenhado em cobrar tributos.