ANÁLISE: uma comunicação eficiente não salva um governo ruim

Mais uma vez, a comunicação (ou a falta dela?) se tornou o bode expiatório da crise. A “crise do Pix”, como chamaremos aqui, revelou mais do que simples equívocos de comunicação. Na tentativa de controlar os danos gerados pela falta de clareza, o governo se enrola em sua própria rede de negações, agora tentando transformar uma patacoada da equipe de Lula em fake news. Ora, fake news é coisa séria; e a banalização deste termo também é.
Não foram meramente palavras mal escolhidas. Se o governo tivesse realmente planejado a mudança com o devido cuidado, não teria sido necessário recorrer a uma manobra que, no fim, causou mais alarde do que o suposto “problema” que se pretendia corrigir.
E, mesmo agora, a culpa é jogada em cima da comunicação, como se os jornalistas e publicitários de Lula tivessem condições de resolver os problemas do país: o excesso de gastos, a falta de confiança econômica, os penduricalhos, um congresso guloso por emendas ‘secretas’ e a inflação que amortiza os trabalhadores brasileiros.
A falência da gestão pública não são questões que se resolvem com mensagens de redes sociais ou explicações em coletivas de imprensa. O governo pode até trocar de secretário de comunicação, pode até criar novas estratégias para desarmar os ataques da oposição, mas esses problemas irão continuar, pois são estruturais e exigem mais do que um jogo de palavras, uma boa cor de gravata ou “carta branca” para novos marqueteiros.
O que o governo e os “figurões” fizeram até agora?
Lula tentava ‘resolver’ a guerra na Ucrânia; Fernando Haddad, jogado aos leões e por várias vezes desautorizado pelo presidente, “falava sozinho” sobre as dificuldades econômicas enfrentadas pelo Brasil; a deslumbrada Janja gastava milhões do meu e do seu dinheiro (ela, inclusive, deve estar fazendo isso agora, neste exato momento) e Simone Tebet (…) calma (…) Simone Tebet ainda compõe o governo Lula? No Ministério de Planejamento e Orçamento?!? Risos. É a ministra mais inoperante dos últimos anos.
Enfim: ações desconexas, autoridades fora da realidade, declarações sem efeito e a sensação de que a administração está absolutamente perdida, enquanto as pessoas continuam a sofrer com os reflexos de sua incapacidade administrativa.
E no meio disso tudo, o que se observa é uma troca de culpas, onde quem entendeu mal a mensagem sobre a fiscalização do Pix é agora acusado de espalhar fake news. Como se fosse um erro de quem consumiu a informação, e não de quem a gerou. A gestão federal quer transformar a questão em uma guerra de narrativas, uma discussão técnica em discussão política.
No fim das contas, a crise do Pix não é um problema de comunicação. Ela é apenas um reflexo de um governo perdido em suas próprias contradições, sem saber como lidar com os desafios reais do país. Comunicação não paga a conta da inflação. Ela deve ser boa e afinada, sim, mas não vai ‘salvar a lavoura’, tampouco o país. Apertem os cintos, senhores. O piloto sumiu.