Análise: Mabel, Rangel e Beth: o que será daqui pra frente?


A derrota de Marcelo Rangel (PSD), ex-prefeito e candidato apoiado pelo governador Ratinho Junior, nas eleições para a prefeitura de Ponta Grossa, redefine o cenário político local e impõe novos capítulos para a administração da cidade. Com o segundo turno entre Elizabeth Schmidt (União Brasil) e Mabel Canto (PSDB), Ponta Grossa enfrenta incertezas sobre sua relação com os governos estadual e federal para os próximos quatro anos.

A política, em sua essência, exige interlocução. E com a derrota de Rangel, a Princesa dos Campos Gerais deve perder espaço nas prioridades do Governo do Estado. A falta de uma conexão direta entre o governo municipal e o estadual pode impactar diretamente a captação de recursos e a execução de projetos essenciais para o desenvolvimento local.

Candidatos à prefeituras apoiados por Ratinho Junior obtiveram vitórias em 166 municípios paranaenses. Ou seja, onde a decisão depender diretamente da caneta do governador, a prioridade certamente não será Ponta Grossa.

Com o apoio da máquina do Governo do Estado, os irmãos Oliveira podem, agora, buscar redirecionar esforços para cidades onde Ratinho manteve ou conquistou apoios significativos, pensando nas campanhas para deputado estadual e federal. Sandro Alex já adota esse tipo de estratégia desde a última eleição, quando foi votado nos 399 municípios do Paraná, obtendo 167.961 votos para deputado federal.

Desafios

Independentemente de quem seja a vitoriosa no segundo turno, tanto Mabel quanto Elizabeth terão que lidar com a ausência de uma ponte política sólida com o Palácio Iguaçu. A atual prefeita, que alinhou-se com o senador Sergio Moro (União Brasil), coloca-se como opositora natural ao Governo do Estado, uma vez que o ex-juiz, que perdeu em oito das dez cidades em que apoiou candidatos no Paraná, deve tentar desbancar o ainda desconhecido sucessor de Ratinho Júnior no próximo pleito.

Em uma eventual vitória, além dos desafios da gestão, Elizabeth terá que lidar com um cenário de isolamento político e com opositores extremamente articulados, a menos que consiga aglutinar forças políticas estaduais para exercer um eventual segundo mandato.
Por outro lado, Mabel Canto, caso seja eleita, enfrentará o desafio de administrar uma cidade com graves problemas estruturais e um sistema de saúde em colapso, marcado pelo fechamento de serviços essenciais.

Mabel, que nunca exerceu cargo executivo, deve contar com o apoio do pai Jocelito Canto, que foi prefeito de Ponta Grossa, no fim dos anos 90. Habilidades de gestão para reorganizar a administração e resolver essas questões enquanto enfrenta uma base política instável e a dos irmãos Oliveira, que possuem forte influência política e midiática, serão primordiais para não afundar o grupo dos Canto que, neste segundo turno, ganhou sobrevida.

Sim, é verdade. Não falamos do deputado federal Aliel Machado. Ele, por sua vez, se mantem como uma figura relevante da esquerda nos Campos Gerais, preferida por eleitores petistas e progressistas de Ponta Grossa e região. Trata-se de um eleitorado pequeno, mas suficiente para garantir a permanência de Aliel na Câmara Federal por quanto tempo ele desejar.

Quarto colocado na corrida ao Palácio da Ronda, o sonho de Aliel em ser prefeito de Ponta Grossa segue distante, justamente por conta da associação de Aliel com a esquerda velha de Lula e demais companheiros. Quanto à postura do deputado no tabuleiro político, Aliel deve seguir fazendo o que sempre fez: tecendo criticas à outros grupos e lideranças, agarrado ao governo Lula e sendo tudo aquilo que o ponta-grossense médio tem dificuldade em aceitar, embora assegure recursos importantes para a cidade.

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